O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA), participou do encontro em Milão e disse que sentiu as pessoas muito comovidas com seriedade e atenção dispensadas ao evento. Ele contou que sempre é importante fortalecer as mensagens e propostas de vida que Deus tem para as famílias, para cada um na sociedade.
“O amor como dom sincero de si para o bem e felicidade da outra pessoa, é sempre algo que fascina e surpreende. Talvez isso possa atemorizar um pouco pela responsabilidade, mas ao mesmo tempo é uma riqueza notável e extraordinária”.
O bispo não deixou de citar as características do mundo atual, em que, segundo ele, há uma “tendência poderosa” para desvalorizar a visão cristã da família. Por isso mesmo, ele acredita que quem participou do encontro, presencialmente ou não, ficou impressionado com as palavras ditas pelo Pontífice. “Ele (o Papa) fala com uma autoridade extraordinária, é o representante de Jesus Cristo entre nós. Então ouvi-lo falar com tanta profundidade e beleza renova e confirma no coração a certeza de que o caminho melhor é aquele que Jesus preparou para nós”.
Canção Nova
Família reunida em Milão durante VII Encontro Mundial das Famílias
Um dos momentos marcantes durante o evento, segundo Dom Petrini, foi o diálogo do Papa com algumas famílias. O bispo destacou a resposta dada por Bento XVI a um casal que perguntou sobre o caráter eterno que o amor assume com o casamento.
“O Papa deu uma resposta com muita beleza e sabedoria. Claro, reconhecendo as dificuldades, mas no fundo ele dizia que não é verdade que o amor no casamento começa grande e vai diminuindo até desaparecer. É o contrário. Ele deu o exemplo do vinho nas núpcias de Canaã: o vinho que chegou depois era melhor, tinha uma qualidade superior. Quer dizer, o amor entre marido e mulher pode ter uma qualidade muito superior, por todo o conhecimento, a partilha de vida que já aconteceu”
Mas às vezes essa partilha na vida de um casal acaba sendo prejudicada pelo individualismo e pela preocupação excessiva com a carreira. Quanto a isso, Dom Petrini lembrou o papel importante do amor na relação de um casal.
“Um homem se realiza amando, a mulher se realiza no amor e o amor se caracteriza pelo dom sincero de si para os outros, para o bem de outras pessoas, até mesmo com sacrifícios. Agora o ideal que vai se afirmando cada vez mais no nosso tempo é que, acima de tudo, é o bem estar individual mesmo com sacrifício de outros”, ressaltou.
Conselho do Papa
Já sabendo da dificuldade que os casais encontram para constituir uma família sólida e feliz, tendo em vista as adversidades do mundo atual, Bento XVI deu alguns conselhos para as famílias crescerem no amor. Um deles foi perseverar em Deus e participar da vida eclesial.
O bispo de Camaçari disse que isso foi, com certeza, um convite para as famílias participarem mais das atividades da Igreja. Ele contou que existe uma diferença muito grande quando os casais não se restringem à participação na Missa dominical, mas se reúnem em grupos, nem que seja uma vez por mês, para ler a Palavra de Deus, rezar juntos e partilhar experiências.
“Isso fortalece porque esta partilha de experiência ajuda; a pessoa não se sente tão sozinha para enfrentar os desafios, os problemas. Aquilo que o outro já viveu abre os olhos e o coração para eu também dar um passo mais acertado, para fazer como o outro fez ou para não repetir o erro do outro. Isso é de fundamental importância”.
Ao citar essa participação ativa na Igreja, Dom Petrini lembrou a necessidade das famílias se unirem não só como Igreja, mas também como associações familiares. “Para poder dialogar com os poderes públicos e não em nome da religião, mas em nome da cidadania, que tem todo o direito de reivindicar a liberdade para preservar o Domingo como um dia de repouso e de festa ou horários mais condizentes com a situação de ser pai ou mãe no trabalho”, exemplificou.
Próximo encontro: EUA
No fim do encontro com as famílias em Milão, Bento XVI anunciou que o próximo evento será nos Estados Unidos. Dom Petrini explicou que há uma orientação no Vaticano para que um evento tão significativo como este esteja presente em continentes e ambientes culturais diferentes. “Por exemplo, se faz na Argentina, não vai fazer três anos depois no Chile, porque, no fundo, a mentalidade de países da América Latina é muito semelhante”.
O bispo lembrou ainda que a diversidade de línguas é importante para que pessoas de diferentes partes do mundo possa se sentir acolhida. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, os povos mais familiarizados com a língua inglesa se sentem mais diretamente envolvidos e convidados.
“É claro que é uma mentalidade muito diferente. Aquilo que a Igreja está realizando é um grande diálogo entre o mundo e o modo mundano de viver o afeto, o amor, a fraternidade, a maternidade e o modo cristão de ver a família, o afeto, a paternidade, o afeto, o trabalho e a festa. Este diálogo é sempre necessário”, finalizou.
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