terça-feira, 24 de abril de 2012

Família e ministério na vida de Eliana Ribeiro - "Minha Música, Minha Vida"

Eliana, qual é a importância da música em sua vida? Quais benefícios que ela trouxe a você?

“Eu tive contato com a música desde pequena, porque meu avô cantava em coral. A família da minha mãe é toda ligada à música e, com o passar do tempo, alguns deles começaram a cantar na igreja. Mais tarde veio a influência do meu pai por ele ser caminhoneiro, é próprio da profissão ter como companheiro de viagens o rádio. Nessa fase eu escutava de tudo. Eu nunca cantei na noite, embora muitos podem pensar isso. Mas nunca passou pela minha cabeça cantar, até porque eu não assumia que eu tinha este dom. Quando comecei a participar do grupo de oração, não comecei cantando; trabalhava com as crianças enquanto seus pais participavam do grupo. Após um ano o núcleo do grupo discerniu que eu deveria trabalhar com a música. Como sempre eu busquei ser dócil à vontade de Deus, aceitei o convite.



Eu era muito dócil e obediente, principalmente quando havia uma Palavra que confirmasse isso. Por isso entrei no ministério e comecei a me envolver com a música, eu tinha uma boa afinação, um bom ouvido. Mais tarde, existiu a possibilidade de montarmos um ministério de música, e foi muito bom, pois, além de estarmos como grupo cantando, sentíamos o chamado a evangelizar com o ministério e a sair em missão. Em uma dessas missões, convidamos a Canção Nova para um encontro. Na época, quem iria para esse evento era o diácono Nelsinho Corrêa, só que duas semanas antes do encontro, ficamos sabendo que ele não poderia participar. Rezamos e, em oração, o Senhor nos disse que tínhamos de montar um ministério e, assim, conduzimos o evento. Percebo que tudo o que aconteceu até aquele momento foi pretexto de Deus para que eu assumisse meu ministério. Uma senhora do grupo me disse que eu cantaria até os confins da Terra. Mais tarde, já dentro da Comunidade Canção Nova, percebi que o próprio Deus foi conduzindo tudo. Aos poucos, fui assumindo meu ministério e os CDs vieram como consequência do meu trabalho".

Quais músicas marcaram sua história?

''É a música 'Sonda-me', que tive a oportunidade gravar no CD eDVD 'Barco a Vela'. Ela é um Salmo e eu sou apaixonada pelos Salmos, porque me identifico muito com eles. O Salmo 138 diz: 'Desde o ventre da minha mãe vós já me tecestes...'. Ele fala sobre mim e sobre o que eu vivo e experimento diante da minha história, marcada pela investida do mal desde o meu nascimento. Ele fala do cuidado que Deus teve e que tem por mim. Um outro Salmo que também fala muito comigo é o: 'Nossa alma como um pássaro escapou do laço que lhe armara o caçador', devido ao acidente de carro que sofri. E minha música de vocação é: 'Ninguém te ama como eu', pois ela selou o chamado que Deus me fez num encontro da Renovação Carismática Católica, em Aparecida (SP)''.

Hoje, depois de tanto tempo de comunidade, quais as vitórias que você pode contemplar de Deus em sua vida? Houve decepções?

''O confronto que tive com a música foi em relação à minha própria história, pois eu levei muito a sério a minha vocação em busca da radicalidade. No início, eu tinha certa dificuldade de me arrumar, pois eu não queria que as pessoas olhassem para mim, embora, antes de entrar para o grupo, eu tenha sido muito vaidosa. Eu era muito discreta, não entendia que também com a beleza, que era de Deus, podia atrair pessoas para Ele, fazer com que o belo levasse as pessoas a Ele. Demorei muito para entender isso e, dentro da Comunidade Canção Nova, esse foi um dos meus maiores processos [de reflexão e amadurecimento]. Percebi que o meu ministério não é para mim, mas para Deus, para a comunidade e para os irmãos. A partir disso o ministério passa a ser mais exigente, quando eu preciso cantar aquilo que vivo''.


Eliana, você é mãe do Daniel e da Helena e esposa do Fábio Roniel. Como conciliar a vida de missionária da Comunidade Canção Nova com a de mãe e esposa?

''No primeiro momento eu achava que a missão estava em primeiro lugar. É muito bom, no meu caso, ter meu esposo participando do mesmo ministério que eu, mas quando veio o primeiro filho começou a desestruturar isso, e é bom que isso aconteça, porque a criança não vem para atrapalhar, mas para 'nos desinstalar', até que possamos, juntos, encontrar o papel de cada um dentro de casa, principalmente eu como mulher, pois não sou só mãe, sou esposa, dona de casa. Quando o Daniel chegou eu tive dificuldade de entender e conciliar todas essas atividades, então eu precisei de ajuda psicológica, pois eu tive uma depressão pós-parto, pois não conseguia entender meu papel de mãe, precisei da ajuda da comunidade, de terapia espiritual e psicológica. Com a vinda da Helena tudo precisou ser diferente, pois o Daniel já tinha cinco anos. Procurei, portanto, não repetir com minha filha o que aconteceu com meu filho. Hoje eu percebo que a minha família está em primeiro lugar. O meu trabalho não é meu, mas é projeto de Deus, se Ele não me quisesse, eu não estaria fazendo o que eu faço. Deus insiste no meu ministério porque acredita nele. O Fábio, muitas vezes, me envia em missão por entender o meu ministério. Hoje, sou muito solicitada devido ao meu trabalho, mas não decido nada sozinha, decido com meu esposo.''

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